Projeto para uma Psicologia Científica (FREUD, 1895)

Olá Boa Noite! Este texto é uma atividade proposta pelo Curso Especialização em Filosofia e Psicanálise, para exemplificar um pouco o esquema do aparelho psíquico criado por Freud no Projeto (1895).



Quando tratamos do texto Freudiano Projeto para uma Psicologia Científica (1950 [1895]), vemos a tentativa de elaborar uma possível teoria do funcionamento psíquico segundo uma abordagem quantitativa e qualitativa.  Freud concebe o psiquismo como um “aparelho” capaz de transmitir e de transformar uma determinada energia. Este aparelho possuía segundo ele três sistemas de neurônios: Ômega, Phi e Psi, sendo que o último seria capaz de representar a memória. Esta particularidade do sistema Psi, se devia ao fato de poder acumular energia. A ideia fundamental para uma melhor compreensão do aparelho e de que (Q- quantidade geral) de energia é sujeita a movimentos gerais, circula pelo aparelho psíquico, e pode ser deslocada ou acumulada. Se pararmos para pensar o mundo externo constitui a fonte de todas as grandes quantidades de energia e inicialmente é preciso descarregar tal energia. Q possui duas fontes, sendo uma endógena e outra exógena. A fonte endógena caracteriza-se, segundo Freud, por um tipo de necessidade como, por exemplo: o sono, o calor, a fome e sexualidade. Um princípio que opera no funcionamento do sistema é o de que cada neurônio deve descarregar a energia que recebe. Ligando este conceito ao do principio da inércia, temos Freud afirmando que os neurônios tendem a se desfazer de Q, e esta descarga regulada por este princípio representa uma função primordial do sistema nervoso. Contanto o princípio de inércia não atuaria sozinho, pois ele seria impedido por outro modo de funcionamento que é evitar o livre escoamento da energia. Ou seja, retomamos a questão dos estímulos endógenos, provenientes do próprio organismo, aos quais o corpo recebe seu estímulo. Ao contrário dos estímulos externos que podem ser evitados, os internos não podem. Eles só irão desaparecer quando houver uma realização de uma ação específica que possa possibilitar a eliminação do mesmo. Contudo, se o sistema nervoso em função do princípio de inércia descarregasse toda quantidade de energia, ele não teria energia para realizar suas ações, e satisfazer as exigências dos estímulos endógenos. Como esta ideia opõe a ideia da inércia, que reduziria Q a zero, o sistema neuronal procura manter Q em um nível mais baixo possível. Deste ponto chegamos ao que Freud chamou de lei da constância.  Ao darmos prosseguimento a obra do Projeto, podemos notar que o autor fala de duas tendências básicas do sistema neuronal, uma que impede a descarga total de Q e outra que se destina a reduzir as tensões dos estímulos internos. A isto damos o nome de barreira de contato, estas são como resistências que impediriam a passagem de energia que deveria ser eliminada. Esta hipótese abre ainda caminho para existência de duas classes de neurônios que citamos no início, os considerados permeáveis e os impermeáveis. Os neurônios phi, seriam os neurônios permeáveis que não ofereceriam resistência ao escoamento de Q, e destinados a percepção. Já os neurônios psi, eram considerados impermeáveis, cheios de resistência e portadores da memória. A função destes dois sistemas (phi e psi) seria de manter afastada grandes quantidades de energia externa através do mecanismo da descarga. Sendo assim está função liga-se intimamente a tendência do sistema nervoso de evitar dor ou desprazer resultando do acumulo de Q no sistema formado pelos neurônios psi. Todas as considerações Freudianas tentam realizar a montagem do aparelho nervoso, e ainda dar conta do desprazer e prazer causado pelo acúmulo e pela descarga da liberação respectivamente. Desta forma, o autor já tenta abranger diversos temas que mais a frente em sua obra dará continuidade.



Referências
BOCCA, Francisco Verardi. Paixões e Psicanálise: dimensões modernas da natureza humana. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Secretaria de Ensino a Distância, 2017. 

FREUD, S. (1950 [1985]). Projeto para uma Psicologia Científica. Obras Completas. Edição StandardBrasileira. Vol I, p. 341-483. Rio de Janeiro: Imago Editora, 2006. 

Comentários