Paixões em São Tomás de Aquino


Bom dia, vamos falar um pouco sobre este grande Filosofo e as contribuições deste para o tema das paixões.



Como vimos no módulo, existe na filosofia de Tomas de Aquino dois tipos diferenciados de paixões, que estão ligadas a questão do bem e do mal, as paixões de teor concupiscível. São as seis primeiras: amor, ódio, desejo, aversão, deleite e tristeza, enquanto as cinco últimas concernem ao bem e ao mal enquanto difícil, providas do irascível. 
A primeira e que se faz mais radical é o amor, que diz sobre o bem enquanto tal. O amor tem a capacidade de se colocar de diferentes formas, em diferentes objetos. O amor ligado a paixão é um ato do apetite concupiscível. Contudo existe o amor de concupiscência e de benevolência. O amor de concupiscência é o menos perfeito: nele se ama uma coisa, não por si mesma, mas em vista de outra. Já o de benevolência é o mais perfeito; ama-se um bem por si mesmo, sem preferi-lo a outras coisas.
Descrevendo rapidamente as seis paixões da faculdade apetitiva concupiscível, temos o ódio, como sendo oposto ao amor. O desejo como um movimento para o bem ausente simplesmente considerado. A aversão diz respeito ao desejo ao mal ausente. O deleite tem como objeto o bem amado, existem deleites corporais e deleites espirituais, deleites naturais e deleites antinaturais, deleites estéticos. A dor é um afeto contrário ao deleite, e é um repouso forçado e não natural.
A esperança é o ato importante do apetite irascível, e pressupõe, por exemplo, a vitória. À esperança se contrapõe o desespero. Já o medo se refere ao mal existente e ameaçador. A audácia diz sobre o mesmo mal, mas nos incita a aproximar-nos dele para superá-lo. Por ultimo, temos a ira, como sendo uma paixão composta de duas outras: a tristeza pela injustiça sofrida e o desejo de vingar-se ou reparar tal injustiça.
Podemos notar ao longo do texto que às vezes chama-se concupiscência (ou desejo) qualquer classe de apetência sensível (concupiscível ou irascível), e inclusive a apetência volitiva. O desejo é o único considerado uma paixão concupiscível especial, pois ele se distingue das demais paixões que versam sobre o bem e sobre o mal. O desejo é um uma paixão do apetite concupiscível que tende para o bem ausente.
A ideia é que todos os homens desejem naturalmente ser felizes, contudo o desejo se difere dentro dos juízos e a escolha do objeto que ira realizar a felicidade. Segundo Tomas de Aquino só acertam aqueles sujeitos que colocam sua felicidade em Deus, considerado bem supremo real. A moralidade do desejo irá depender dos objetos considerados bons ou maus moralmente. É natural e bom o desejo da felicidade. Mas pecamos quando buscamos a felicidade perfeita nas criaturas e não em Deus.
Além disso, existem as concupiscências de carne (luxúria), concupiscência dos olhos (avareza) e a soberba da vida. A “concupiscência” se divide, antes de tudo em sensitiva, animal, intelectiva ou racional. A primeira é comum aos homens e aos animais selvagens. A segunda é própria do homem, quem pode julgar como boas algumas coisas que são de ordem suprassensível. No homem a concupiscência de ordem sensitiva e a de ordem intelectiva podem ser classificadas em antecedente, concomitante, ou consequente, segundo precedam, acompanhem ou sigam à deliberação ou à atuação de nosso intelecto e de nossa vontade. 
A temperança seria uma virtude ordenada para moderar as paixões do apetite concupiscível. Tem como objeto adequado as paixões ordenadas aos bens concupiscíveis (amor, concupiscência e deleite) e seu objeto consequente ou secundário são as tristezas causadas pelas ausências dos prazeres sensíveis. 
O que significa “desejo” para Tomás de Aquino?
R: O desejo tem sentido amplo e em sentido estrito. Em sentido amplo, é a apetência de qualquer espécie de bem (possuído ou não possuído, fácil ou árduo). Em sentido estrito, é a apetência do bem não possuído e não árduo. O desejo denomina-se também “concupiscência”. O desejo estritamente considerado é uma paixão concupiscível especial. Prova-se esta assertiva mostrando que dito desejo se distingue especificamente das demais paixões concupiscíveis. 
Quais as relações entre o desejo e os outros afetos?
R: Relação do desejo com o amor, onde a atividade afetiva se inicia no desejo, e termina no amor consumado. Relação de oposição entre desejo e aversão, pois porque o desejo versa sobre o bem simples ausente, e a aversão sobre o mal simples também ausente. Além disso, o desejo pode estar junto ao deleite e a dor.
Explique o que é a moralidade do desejo.
R: A moralidade do desejo se da de acordo com o objetos que escolhemos desejar, da condição que o sujeito deseja e outras variáveis. O desejo da felicidade é algo natural a cada sujeito, contudo não se busca a felicidade em Deus e sim nas criaturas. Quem coloca em Deus sua felicidade última deve ordenar todos os seus desejos para este fim.


Qual é o papel das paixões para a perfeição moral segundo Tomás
de Aquino
R: São as paixões que regulam nossas escolhas de desejos ao longo da vida, e nos bloqueiam muita das vezes de escolhas “erradas” e não morais. A temperança é uma virtude ordenada para moderar as paixões do apetite concupiscível. Fazem parte da virtude da temperança virtudes auxiliares, como a castidade, a abstinência e a sobriedade. Ambas possuem sua função própria no papel do encalce da perfeição moral.






Referência Bibliográfica: MURTA, Alberto. MURTA, Claudia; SANTOS, Jorge Augusto Silva. Amor e Paixão em Filosofia e Psicanálise. Universidade Federal do Espírito Santo. Secretaria de Ensino a Distância. Vitória – 2007.


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