Boa Tarde! O texto de hoje será sobre este artigo Freudiano que fala um pouco dos povos primitivos e sua relação com as estruturas neuróticas. Esta é mais uma das atividades propostas pela Especialização em Filosofia e Psicanálise para formação de Professores. Espero que gostem. Segue o texto:
Totem e Tabu (1913) é um trabalho de Freud e
traz a questão dos povos primitivos para compreender a organização da sociedade
primitiva, além de compreender a função do pai na teoria Freudiana. O autor
pega para seus estudos a organização dos totens, que possuem uma lei contra as
relações sexuais entre pessoas do mesmo totem, uma proibição severa e
obrigatória. No inicio deste seu artigo, ele discorre sobre o funcionamento dos
clãs e algumas características que não nos cabe relacionar no momento. A ideia
de Tabu liga-se a um significado sagrado, consagrado, ao mesmo tempo
misterioso, impuro, tendo sua fonte atribuída a um poder mágico, peculiar que é
inerente a pessoas e espíritos e pode ser por eles transmitidos por intermédio
de objetos inanimados. Dentro desta lógica, Freud estabelece pontos de
concordância entre as proibições dos neuróticos obsessivos e os tabus dos povos
primitivos. Para Freud, “o tabu é uma proibição primeva forçadamente imposta
(por alguma autoridade) de fora, e dirigida contra os anseios mais poderosos a
que estão sujeitos os seres humanos” (FREUD, 1913, p. 52). Na origem das
proibições – tanto no neurótico obsessivo, quanto nos tabus dos povos
primitivos – está uma hostilidade inconsciente, um impulso hostil contra
alguém, talvez alguém amado, que aparece como uma satisfação pela morte desse
alguém. Esses impulsos hostis, reprimidos pela proibição se relacionam a
qualquer ato que possa, por deslocamento, representar um ato hostil. A
possibilidade de realização desse ato hostil conduz a um medo, de uma ameaça de
morte contra o outro. Logo, o desejo dá lugar ao medo. Se paramos para pensar,
o totemismo não é apenas uma questão ligada a religião, mais sim um sistema
social, cultural de relação dos clãs. Quando o autor fala da refeição totêmica,
descreve que os membros do clã se encontravam vestidos a semelhança do totem,
imitando sons e movimentos. Quando este ato termina, o animal que fora morto é
lamentado, o luto é obrigatório, imposto pelo temos de uma ameaça. Nesta
consumação do totem é que os integrantes do clã reforçam sua identificação
entre eles e os outros. A psicanálise entra neste momento revelando que este
animal totêmico é na realidade o substituto do pai. Há aqui a presença de um
conflito de amor e ódio. Onde a morte do animal é algo proibido, porém é uma
ocasião festiva. O pai trabalhado em Totem e Tabu era o pai todo poderoso, não
castrado, que tinha todas as mulheres para si, o que gerou hostilidade aos
filhos e os levou a mata-lo. Após consumi-lo neste banquete, os filhos
descobrem que amavam este pai, e o amor fora transformado em sentimento de
culpa, e a palavra pai converte-se em uma lei simbólica. É através desta culpa
e arrependimento que a divida pela morte do pai, seria honrada pela proibição
simbólica do incesto. Nesta lógica temos a condição da formação de uma cultura,
onde este pai morto é a questão da lei, um lugar vazio e ao mesmo tempo um
lugar de referência. Desta forma, neste texto, Freud aponta para o simbólico
como ato fundante da cultura, e constitui o pai na origem do sujeito e da
linguagem.
Referência Bibliográfica:
FREUD, Sigmund (1913). Totem
e Tabu. Obras Completas. Edição Standard Brasileira, Vol. XIII. p.
13-168. Rio de Janeiro: Imago Editora, 2006
|
Comentários
Postar um comentário