Bom dia! Vamos falar um pouquinho deste filme?
O
filme nos narra a história de Freud e sua trajetória ao desenvolver determinados
conceitos dentro da teoria psicanalítica. A histeria era a estrutura que mais
abrangia a população da Europa naquela época e incidia sobre as mulheres,
possuía um lugar de destaque nos estudos de Charcot – professor de Freud e
Breuer. Para ele, as pessoas tendiam a ser altamente sugestionáveis, e era
estando hipnotizadas que tal fato ocorria de forma mais intensa. Charcot
conseguia explicar a histeria por este estado, mas não curá-la.
Com tais estudos ocorrendo, Freud começa a perceber que existem
pensamentos que não são conscientes, na medida em que, os pacientes não se
lembravam do que ocorria enquanto estavam hipnotizadas. Breuer também muito
interessado nas questões levantadas pelo seu professor começa a
tomar posse desse método, e em determinado momento convida Freud para estar
junto dele. A proposta inicial era de tratarem as pacientes histéricas e
publicarem sobre os estudos.
A
paciente apresentada ao longo do filme fica conhecida como Cecily, e é uma
típica histérica com milhares de sintomas conversivos, ou seja, nada orgânico
os justifica. O objetivo de ambos era que durante a hipnose, a paciente viesse
a se lembrar do momento em que sentira determinado sintoma pela primeira vez –
braço paralisado, cegueira- e realizasse a exteriorização do afeto. Ou seja, o sintoma surgia quando a mulher em
determinada situação, não demostrava a reação adequada.
No
decorrer deste, Freud hipnotiza vários pacientes, e descobre que era sim
possível que eles se lembrassem de determinada ocasião, e realizassem a
exteriorização do afeto para que o sintoma fosse eliminado. Temos ainda todo um
nascimento da teoria psicanalítica ocorrendo.
Freud começa a pensar sobre uma suposta neurose, segundo sua própria
experiência, e sobre como alguns sintomas poderiam estar ligados ao sexual.
Seguindo
o longa, vemos Freud tentando trabalhar com varias questões. Um sonho que teve
com seu “pai”, lembranças que tinhas da sua infância, entre outros. Após a
paciente realizar uma transferência de um amor reprimido com seu amigo Breur,
ele toma para si a resolução do caso. Colocamos em questão aqui, que a paciente
citada não existe de fato nas obras completas dele, é apenas uma criação que se
utiliza das varias pacientes histéricas e seus vários sintomas.
Contudo,
Freud percebe ao passar do tempo que certas pessoas não eram sugestionáveis e
não estravam em estado de hipnoide, instituindo assim a cura pela fala. Isso
ocorre também, pois, a hipnose silenciava as resistências do paciente, o que
era ruim, na medida em que quando ele estava neste estado falava tudo. Não
chega a mostrar no filme, mas quando Freud cria a Psicanalise, ele coloca como
princípio a associação livre do paciente, e a atenção flutuante do analista.
Tanto o trabalho da neurose obsessiva,
quanto o da histeria, consiste em transformar a lembrança
traumática em uma representação enfraquecida, orientando-a para outros fins.
Explicando melhor, é no destino dado a representação enfraquecida que reside a diferença entre a histeria
e a neurose obsessiva. Na histeria, há um
trabalho de defesa contra a representação incompatível que atinge a consciência, e seu destino mais comum é a conversão
somática da soma de excitação causada pelo
trauma. A tarefa da conversão é enfraquecer a ideia por meio da descarga somática, objetivando a diminuição da
tensão para causar algum alívio.
A
histeria passa a ser definida como uma doença psíquica, de origem sexual,
produto entre conflito e defesa, diretamente ligada a questão do desejo e cujos
sintomas são particulares a cada individuo. Freud permitia nesta época que as
histéricas procurassem nelas mesmas os caminhos do seu desejo, que por estarem
encobertos por pelo recalque, produzem sintomas. Como a moral sexual da época
era muito grande, e reprimia diversos desejos sexuais das mulheres, elas
encontravam nos sintomas um modo de defesa contra seu desejo.
Em
suma, temos a grande questão a ser trabalhada. Nos dias atuais ainda existem
sintomas histéricos, porém como a moral sexual mudou, eles também mudaram, e os
chamamos de novos sintomas. Na época de Freud as mulheres paralisavam perna, braço,
ficavam cega, a moral social era muito severa. Hoje em dia temos bulimia,
anorexia e a própria toxicomania como exemplo de sintomas histéricos. O modo de
trabalharmos todos eles então, é através de análise. Compreendermos as questões
de desejo e inconscientes que atravessam esta estrutura.
Comentários
Postar um comentário